Colapso da passarela do Hyatt Regency - 114 Mortes
Colapso
da passarela do Hyatt Regency
Origem:
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“…
O colapso
da passarela do hotel Hyatt Regency foi um grande desastre que ocorreu
em 17 de julho de 1981 em Kansas
City, Missouri, matando 114 pessoas e ferindo mais de 200
durante uma competição de dança. Na época, foi o colapso estrutural com mais
mortos na história dos Estados Unidos.[1]
Índice
Acontecimentos
prévios
A construção do Hyatt Regency Crown Center, de 40 andares, começou em 1978 e o hotel abriu em julho de 1980 após atrasos de construção incluindo um incidente em 14 de outubro de 1979 quando 250m² do teto do átrio colapsaram devido a uma falha da conexão do teto na parte norte.[2]
A construção do Hyatt Regency Crown Center, de 40 andares, começou em 1978 e o hotel abriu em julho de 1980 após atrasos de construção incluindo um incidente em 14 de outubro de 1979 quando 250m² do teto do átrio colapsaram devido a uma falha da conexão do teto na parte norte.[2]
O edifício
foi parte de um plano geral desenvolvido por Edward Larrabee Barnes e projetado especificamente
pelo então novo escritório de arquitetura PBNDML. Era o edifício mais alto do estado do Missouri.
O colapso
foi o segundo grande acidente estrutural em Kansas City em menos de
dois anos. Em 4 de junho de 1979, o teto do então vazio Kemper Arenaem Kansas City colapsou sem vítimas fatais.
As empresas de engenharia e arquitetura nos dois colapsos eram diferentes.
Uma das
características marcantes do hotel era seu lobby, com um característico átrio de múltiplos andares cruzado por passarelas
suspensas de concreto no segundo, terceiro e quarto andares, com a passarela do
quarto andar diretamente acima da passarela do segundo andar.
Desastre
Em 17 de
julho de 1981, aproximadamente 2000 pessoas estavam reunidas no átrio para
participar e assistir a uma competição de dança. Dezenas estavam na passarela. Às
19h05, as passarelas no segundo, terceiro e quarto andares estavam cheias de
visitantes que observavam as atividades no lobby, que estava também repleto de
pessoas. A passarela do quarto andar era suspensa diretamente por sobre a
passarela do segundo andar, com a passarela do terceiro andar colocada ao lado
a alguns metros das outras duas.
Problemas
com o material de construção levaram a uma sutil, porém imperfeita, mudança no
projeto que dobrou a carga na conexão entre a viga de
suporte da passarela do quarto andar e os tirantes, aumentando o esforço gerado pela passarela do
segundo andar. Este novo projeto dificilmente conseguia suportar o peso próprio da estrutura, muito menos o peso dos
espectadores por sobre as passarelas. A conexão falhou e ambas as passarelas
colidiram uma por sobre a outra e por sobre o lobby abaixo, matando 114 pessoas
e ferindo mais de 200 pessoas.[3]
Investigação
Apenas
quatro dias após o desastre, Wayne Lischka, um engenheiro estrutural contratado pelo jornal The Kansas City Star, descobriu uma mudança
significativa no projeto das passarelas. A cobertura do evento levou o Star e
sua publicação irmã, o Kansas City Times, a ganharem o Prêmio Pulitzer por reportagens locais em 1982.[4]
As duas
passarelas eram suspensas por um conjunto de tirantes de aço
estrutural, com a passarela do segundo piso colocada diretamente sob
a passarela do quarto piso. A plataforma da passarela era suportada por 3 vigas
transversais suspensas por tirantes fixados por roscas.
As vigas transversais eram vigas ocas feitas a partir de dois perfis C
colocados boca contra boca. O projeto original de Jack D. Gillum and Associates
exigia três pares de tirantes que iam diretamente do segundo andar até o teto.
Os investigadores determinaram que este projeto somente suportava 60 por cento
da carga mínima exigida pelo código de edificações de Kansas
City.[5]
A Havens
Steel Company, o contratado para a fabricação dos tirantes, criou objeções ao
projeto inicial de Jack D. Gillum and Associates, pois ele requeria que o
tirante abaixo do quarto andar fosse totalmente rosqueado de
forma a permitir que as porcas que segurariam o piso do quarto andar fossem
colocadas no local. Essas roscas seriam provavelmente danificadas na colocação
da estrutura da passarela do quarto andar. A Havens então propôs um plano
alternativo em que dois conjuntos separados de tirantes pudessem ser
utilizados: um conectando a passarela do quarto andar ao teto e outro
conectando a passarela do segundo andar à passarela do quarto andar.[6]
Esta
mudança no projeto se mostrou fatal. No projeto original, as vigas do quarto
andar apenas suportavam o peso da passarela do quarto andar, com o peso da
passarela do segundo andar sendo suportado apenas pelos tirantes. No projeto
revisado, no entanto, as vigas do quarto andar foram requeridas a suportar
tanto a passarela do quarto andar como a do segundo andar. Como o peso nas
vigas do quarto andar dobrou, o projeto proposto por Havens podia apenas
suportar 30 porcento do carregamento mínimo exigido.
Os erros
sérios do projeto revisados foram compostos com o fato de que ambos projetos
colocavam os parafusos diretamente em uma junta
soldada entre os dois perfis C faceados, o ponto
estruturalmente mais fraco na viga em caixa. As fotos da ruptura mostram
deformações excessivas da seção da junta.[7]Na
ruptura, as vigas entortaram-se para dentro no ponto de colocação dos parafusos
e a porca de suporte entrou dentro da viga.
Os
investigadores concluíram que o problema básico foi a falta de comunicação
adequada entre Jack D. Gillum and Associates e Havens Steel. Em particular, os
projetos preparados por Jack D. Gillum and Associates eram apenas esquemas
preliminares mas foram interpretados por Havens como desenhos finais. Jack D.
Gillum and Associates falhou em rever cuidadosamente o projeto inicial e
aceitou o plano proposto pela Havens sem executar cálculos báisco que
revelariam seus problemas sérios - em particular, a duplicação do carregamento
nas vigas do quarto andar.[5]
Consequências
O Comitê
de Arquitetos, Engenheiros Profissionais e Agrimensores do Missouri (Missouri
Board of Architects, Professional Engineers, and Land Surveyors) condenou os
engenheiros empregados pela Jack D. Gillum and Associates que assinaram os
desenhos finais de negligência, conduta irregular e conduta não profissional na
prática da engenharia; todos perderam sua licença profissional nos estados do Missouri e do
Texas e sua afiliação à Sociedade Americana de Engenheiros Civis (American
Society for Civil Engineers - ASCE.[8] Enquanto
Jack D. Gillum and Associates foi inocentada de negligência criminal, ela
perdeu sua licença como empresa de engenharia.[9]
Pelo menos
US$140 milhões de dólares foram pagos às vítimas e seus familiares em
julgamentos e acordos; grande parte deste dinheiro veio da Crown Center
Corporation, uma subsidiária da Hallmark
Cards que era a proprietária da franquia do hotel (como muitas
das redes de hotéis, Hyatt opera em um sistema de franquia). Companhias de
seguros de vida e saúde provalvemente absorveram grande parte das perdas.
A tragédia
do Hyatt permanece como um modelo clássico para o estudo da ética e
dos erros da engenharia. O engenheiro chefe da Gillum continua a compartilhar
suas experiências com outros, na esperança que confusões que levaram ao
desastre do Hyatt não sejam repetidas.
A
reconstrução após a tragédia incluíram menos passarelas mais fortemente
reforçadas. Como resultado, alguns andares do hotel têm agora seções
desconectadas em lados opostos do átrio, sendo necessário ir a outros andares
para atingir o outro lado.
O hotel
reabriu posteriormente e foi renomeado como Hyatt Regency Crown Center. Ele tem sido renovado e agora é um dos
hotéis mais luxuosos da cidade.
Memorial
O acidente
não é lembrado de nenhuma forma no hotel. Em 2008, a the Skywalk Memorial
Foundation anunciou a criação de um fundo para construir um jardim e uma fonte
no Washington Square Park, a um quarteirão do hotel para rememorar o evento.
Hallmark doou US$25.000 e a cidade ofereceu US$100.000.[10]
Referências
2. Whitbeck, Caroline (1998). Ethics in Engineering
Practice and Research. [S.l.]: Cambridge University Press. 116 páginas. ISBN 0521479444
3. Whitbeck, Caroline (1998). Ethics in Engineering
Practice and Research. [S.l.]: Cambridge University Press.
pp. 114–115. ISBN 0521479444
4. The
Pulitzer Prizes for 1982». Pulitzer.org. Consultado em 1 de junho de
2006.
5. Hyatt Regency Walkway
Collapse». School of Engineering,
University of Alabama. Consultado em 3 de outubro de 2007.
6. Whitbeck, Caroline (1998). Ethics in Engineering
Practice and Research. [S.l.]: Cambridge University Press. 115 páginas. ISBN 0521479444
7. Engineering.com. Consultado em 1 de
junho de 2006.
Leitura complementar
· Marshall, Richard D., [et al.]. Investigation of the Kansas City
Hyatt Regency walkways collapse, U.S. Dept. of Commerce, National Bureau of
Standards, 1982.
Ligações
externas
· Engineering Ethics - inclui fotos dos componentes rompidos da passarela (em inglês)
failurebydesign.info -
apresentação física e outros recursos (em ing
· Engineering Ethics - inclui fotos dos componentes rompidos da passarela (em inglês)